SOS CRIANÇA - CONTRA A PEDOFILIA FRASE DA SEMANA Táticas Pedofílicas de Enganação Os pedófilos tendem a escolher crianças que mostram certo grau de vulnerabilidade. As crianças vulneráveis que correm mais riscos são aquelas que não se sentem amadas e desejadas ou são impopulares, solitárias, sem amigos ou perseguidas. Abner Morilha

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Teologia da Barganha - Jó Parte 4

Entram em cena os amigos de Jó. Após 7 dias de silêncio eles quebram este silêncio tentando provar que de um meio ou de outro Jó certamente havia pecado e como conseqüência todo aquele mal sobreviera ao pobre. Eles fazem uma investigação criteriosa para descobri as mazelas de Jó. Os amigos de Jó construíram uma teologia, que embora muito comum entre nós, descreve exatamente as suspeitas de Satanás. É uma teologia que leva o homem a buscar a Deus pelas recompensas e não pelo amor e afeto desinteressado que tem pelo Senhor. “Teologia da Retribuição” ou “Teologia da Barganha” estabelece uma relação utilitária com Deus a respeito da qual satanás tinha lançado suas duvidas. Deus abençoa os justos e castiga os ímpios. É a lógica da causa e efeito. Para todo sofrimento existe uma causa que o justifique. Está formula é simples e bem conhecida entre nós. Se o homem é bom, justo, correto, Deus o recompensará abençoando-o com suas dádivas. Se formos infiéis, injustos, perversos então Deus nos castigará retirando de nós suas dádivas. O sofrimento nem sempre obedece esta regra simples e lógica. Na maioria das vezes o sofrimento se apresenta como um grande mistério. Deus sabe os motivos de nossos sofrimentos, mas nem sempre nos é dado a conhecê-los. Não poucas vezes, a despeito de nossas intenções sinceras, cometemos o erro de muitos conselheiros. Não estamos interessados na verdade nem na dor do outro propriamente dito. Estamos mais interessados em provar e sustentar nossos esquemas teológicos do que buscar a verdade e compreender a dor e sofrimento do próximo. Parece que urge em nós uma necessidade absurda de dar explicações para tudo. E neste exato momento caímos na armadilha que os amigos de Jó caíram. O medo de cair em um vazio sem respostas onde o caos permeia as relações e o universo nos faz correr em busca de explicações simplistas que ao serem investigadas não conseguem sustentar a realidade. O sofrimento (dor) é uma experiência que não podem ser explicadas simplesmente usando formulas de causa e efeito. Ninguém é consolado na dor pelas explicações lógica e racional do sofrimento. O sofrimento vai muito além do que a nossa razão pode dar conta. Parece-me que para nos sentirmos seguros necessitamos acreditar que se eu me mantiver fiel a Deus e a sua palavra nenhum tipo de sofrimento irá chegar a minha casa ou irá bater na minha porta. É como se emocionalmente falando, nós precisássemos de uma segurança, de uma certeza psicológica de que estamos isento deste tipo de infortúnio. Transferimos nossas relações familiares e sociais de troca para a nossa relação com Deus. Humanizamos Deus ao ponto de deixá-lo tão pequeno e caído como nós mesmos. Olhamos para Ele com certa desconfiança e a dificuldade de acreditar que Ele simplesmente nos ama independentemente do que faça é difícil demais de engolir. O anseio de ouvir a mesma voz que ecoou nos céu quando nosso Senhor Jesus Cristo sai das águas do batismo “Este é meu filho amado que me traz muita alegria”, nos faz não raras vezes caminhar pela trilha da barganha, crendo que se nos esforçarmos ao máximo e se formos muito “bonzinhos” talvez nós também possamos ouvir está mesma voz ecoando para nós. A necessidade de dar explicações, de se buscar razões e de dar respostas prontas certamente não nos levará a bom termo. Nossa incapacidade em lidar com os mistérios e nossa necessidade de controle sobre nosso destino no leva a um reducionismo e não raras vezes nos faz perder a capacidade humana da transcendência. Podemos citar Frankl que afirma que ao lidar com a tríade trágica que todo homem encara: dor, culpa e morte a melhor forma de lidar com isso não é perguntar “porque” e sim minha atitude diante destes fenômenos e a melhor indagação não é: “O que esperar da vida” e sim: “o que a vida pode esperar de nós” Quem tem porque viver pode enfrentar quase qualquer como. Nietzsche
Terminamos aqui nossa reflexão sobre o primeiro capitulo de Jó. Novamente quero re
comendar este livro maravilhoso de Ricardo Barbosa Souza: O CAMINHO DO CORAÇÃO. Inspiração para estas 4 reflexões.
Deus abençoe a todos

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O Sentido da Espiritualidade Cristã na Experiência de Jó - Jó Parte 3

Satanás propõe uma aposta para tirar a limpo as suas duvidas. A sugestão apresentada a Deus é que Deus lhe dê permissão para ele tirar aquelas vantagens e estímulos externos que levam Jó a ser tão temente e justo, para ver se, no final ele continua adorando a Deus ou se passa a blasfemá-lo. Jó 1:10-12 Vale a pena enfatizar que satanás não está questionando a integridade deste homem e sim a motivação que o leva a temer a Deus. Deus aceita a aposta e permite que satanás toque em Jó, que tire dele os “motivos” de seu temor e devoção. E em uma sucessão de catástrofes Jó se vê sem seus animais, propriedades, servos, filhos e filhas. Tudo aquilo de externo que poderia motivá-lo de servir a Deus lhe é tirado. Jó recebe a noticia da morte de seus filhos e propriedade e mesmo diante deste quadro avassalador diz o texto que ele não pecou, nem atribui a Deus falta alguma. Ele exclama em um gesto extremo de devoção: Jó 1:21- Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR. Humildemente Jó demonstra que seu temor a Deus é maior do que os bens que possui. Num segundo encontro com satanás, Deus atesta mais uma vez a integridade de Jó, afirmando: Jó 23b. No entanto, satanás insiste desafiando Deus mais uma vez. Dizendo que o que aconteceu com Jó não foi o suficiente. Jó 2:4,5. Ele pede que lhe seja permitido tocar na saúde de Jó. E preciso tira-lhe toda a recompensa e estimulo. O Senhor o permite. Jó 2:6. Jó fica doente tomado de chagas. Não sobrou nada. Nem bens, nem família, nem saúde. Jó é um pobre coitado, doente e só. Diante deste estado ele não fala nada busca o silêncio. Se Jó falar satanás ganha a aposta e fica provado que ninguém adora a Deus sem motivo algum, apenas pelo amor e desejo de adorá-lo. Com isto satanás não apenas joga por terra todo o propósito de Deus em relacionar-se com o homem, como cria um meio para justificar sua própria queda. O que está em jogo não é apenas a integridade de Jó, mas uma relação. É a relação livre, pessoal e afetiva e desinteressada entre o homem e Deus que está em jogo. Se Jó falhar fica evidente que o homem ama a Deus simplesmente porque Deus é Deus, mas que o homem o ama pelos dividendos que isto pode lhe render. O SENTIDO DA ESPIRITUALIDADE CRISTÃ NA EXPERIÊNCIA DE JÓ. É aqui que encontramos a chave para compreender o significado da espiritualidade cristã. Temos que entender que a espiritualidade cristã é uma espiritualidade do coração. O sábio escreve: Sobre tudo o que se deve guardar é o coração porque dele procede as saídas da vida. Para muitos a espiritualidade cristã é medida pelo conhecimento bíblico ou doutrinário ou mesmo das experiências espirituais que acumulamos ao longo de nossa vida cristã. No entanto, o centro de nossa espiritualidade esta nos nossos afetos, que nascem do coração. Quando o Senhor Jesus chamou o apostolo Pedro para o pastorado não lhe perguntou o quanto de conhecia sobre Deus, nem mesmo sobre as experiências espirituais que tinha tido, mas se ele o amava. Era o afeto de Pedro que interessava a Jesus. A vida espiritual é aquela que nos leva a tirar do coração o que há de mais precioso e oferece-lo ao Senhor, as buscas nos compartimentos mais secretos da alma os sentimentos mais nobres e puros e dedica-los a serviço da adoração.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A Dúvida - Jó Parte 2

Diante desta afirmação, satanás, em tom irônico, lança uma duvida quanto a afirmação de Deus sobre a integridade de Jó. A duvida é:
Porventura Jó debalde teme a Deus? (Jó 1:9).
Será que as motivações que o levam a ser o que Deus afirma ser são puras? Será que todo este temor, integridade e pureza não seriam um bom negocio para ele? A duvida que satanás lança não é em relação a Jó e sua integridade, temor e retidão, mas sobre suas motivações, expectativas e interesse em ser tão leal e temente a Deus. Para Satanás a experiência religiosa do homem não pode ser explicada sem que haja um interesse, desejo de recompensa oculto nas suas motivações. O ponto decisivo da dúvida de satanás é: Pode o homem adorar e servir a Deus por nada? Desinteressadamente, sem nenhuma recompensa? Simplesmente porque Deus é Deus? É possível haver entre DEUS e o homem um encontro, onde somente o amor e o afeto são as únicas motivações? Satanás desconfia que não. Para ele, o homem sempre se aproxima de Deus por causa das vantagens que esta relação lhe proporciona e, uma vez tiradas as vantagens não lhe sobrariam mais nenhuma motivação para buscar a Deus. O utilitarismo é o carro-chefe das relações humanas, e não seria diferente para com Deus e o mundo espiritual. Satanás acredita que existem outros pecados ocultos por detrás da piedade de Jó. Esses motivos secretos, muitas vezes ocultos até para nós mesmos, demonstram a verdadeira intenção do nosso interesse por Deus. O que aconteceria se Jó perdesse sua riqueza e honra? Será que continuaria temendo a Deus e amando-o apesar da miséria e da doença? Satanás pensa que não. Essa mesma duvida também pairam sobre nós.
Os motivos que nos levam a buscar a Deus, seu poder e misericórdia, nem sempre nascem do desejo puro e sincero de amá-lo e servi-lo desinteressadamente. As recompensas que acompanham os apelos que recebemos, na maioria das vezes falam mais alto do que nosso amor e afeto. Dificilmente nos veríamos completamente livres das seduções das recompensas, ela de uma forma ou de outra, estarão sempre presentes nas nossas motivações mais secretas. Buscar um encontro com Deus onde apenas o amor desinteressado é levado em conta, contudo, conduz-nos a um relacionamento espiritual muito mais profundo, intimo e pessoal.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pensando Jó - Parte 1

O livro de Jó sempre foi uma grande incógnita para mim. Uma leitura belíssima em sua poesia, mas difícil de digerir. Já li e reli vários autores e comentários da vida atribulada deste homem chamado de INTEGRO pelo próprio Deus.
Alguns autores com uma necessidade tremenda de encontrar na vida de Jó algum pecado, alguma mazela, algum erro, enfim algo que justifique Deus ter “permitido” tamanho sofrimento, muitas vezes sentam-se ao lado dos chamados “amigos de Jó” e assumem uma postura que lembra mais a temida “Santa Inquisição”.
Já ouvi de tudo sobre o pobre: ouvi que o que ele MAIS temia lhe sobreveio, portanto operou-se nele a lei da atração, que ele tinha no fundo orgulho por ser integro, que ele não confiava em Deus, que ele era religioso ao extremo e se orgulhava disto em fim um pacote cheio de desvios para explicar as razões das investidas do inimigo.
Parece que a teologia frágil de alguns, não consegue suportar a questão do sofrimento e que o sofrimento carece de alguma coisa que o justifique, ainda dentro de algumas abordagens teológica a compreensão deste fenômeno chega a ser praticamente impossível, sem que haja uma grande “brecha” para justificá-lo, ou algum grande "pecado para desencadear-lo".
Triste como nos perdemos no caminho, triste como fugimos daquilo que nos caracteriza como humanos, pois quem pode negar que: nascer, sofrer e morrer faz parte da tríade humana. Não quero fazer apologia do sofrimento, mas negá-lo é negar as lagrimas de Jesus diante de Jerusalém, por causa da dureza do povo que não o reconheceu; negá-lo é negar as lagrimas do Senhor diante do tumulo de Lazaro; negá-lo é negar a dor imensurável no Jardim de Getsemani aonde a tristeza de nosso Senhor chega a um grau tão elevado que os vasos sanguíneos de seu corpo explodem banhando o jardim com seu próprio sangue; negá-lo é negar a experiência da cruz da qual todos nós de certa forma temos que passar; negá-lo é não compartilhar dos sofrimentos de Cristo, logo não compartilhar também de sua ressurreição. A leitura de um livro preciosismo para mim: “O Caminho do Coração” de Ricardo Barbosa de Souza, abriu os meus olhos para uma nova compreensão da vida deste homem que continua intrigando-nos. Espero que essa reflexão possa acrescentar algo a sua compreensão da dor e do momento que atravessamos. JÓ UMA PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR O livro de Jó narra uma das experiências espirituais mais dramáticas jamais vividas por um ser humano. Entender o relato de Jó, na perspectiva da espiritualidade cristã, constitui-se, sem duvida alguma, numa das mais ricas e profundas percepções das crises da alma humana na busca por significado e realização. A crise de Jó tem sido explorada quase sempre no contexto do sofrimento humano. As analises que fazemos da sua experiência procura evocar sua paciência e despojamento diante das mais humilhantes provas que alguém já passou. No entanto a temática deste livro é muito mais abrangente. Mais do que o sofrimento este livro abrange a relação do homem com Deus em meio às complexidades da vida. O texto sagrado nos leva a refletir e questionar: Como é que temos construído nosso relacionamento com Deus? Com que bases estabelecemos nossos encontros com Ele? Estas questões estão no centro da nossa reflexão sobre a espiritualidade cristã. O sofrimento de Jó, sem duvida nenhuma nos ajuda a entender o lugar de Deus na nossa experiência espiritual. Jó nos é mostrado como um paradigma da nossa espiritualidade humana e cristã. Ele mostra tanto as fragilidades das nossas pretensões e teologias, que nem sempre respondem as questões mais profundas da alma, como também revela-nos um Deus que não se enquadra nos esquemas teológicos e doutrinários que construímos. Despir-nos das nossas pretensões teológicas e encontrar-nos com o Deus livre e soberano é o caminho que Jó nos propõe.

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